População xinga Prefeito de Sorocaba por repressão à motociclistas pós eleição; 'covarde, traíra, armou tudo e nos enganou'
Na última quarta-feira (16), após mais um dia exaustivo de trabalho no comércio, Luciana Araújo, 40 anos, mãe de três filhos menores, aguardava ansiosa em um ponto da cidade de Sorocaba, o motoboy o qual havia acionado por um aplicativo no celular, para levá-la até sua residência, onde os filhos a aguardavam para fazer a janta, mas o transporte não chegava.
Sempre de olho na tela do celular, a mãe de família via o aplicativo cancelar o deslocamento de quase uma dezena de motoboys, que foram surpreendidos por uma blitz relâmpago da Guarda Civil Municipal em conjunto com a secretaria de Mobilidade e a secretaria do Meio Ambiente, Proteção e Bem-Estar Animal, realizada na Zona Norte da cidade, durante a noite.
A ação da prefeitura de Sorocaba, "para coibir o ruído abusivo emitido por escapamentos abusivos de motocicletas", com o uso de sonômetro para identificar o excesso de ruído, resultou na apreensão de vários veículos de duas rodas, dezenas de autuações por infração de trânsito e outras irregularidades, além de multas ambientais de mais de R$ 3 mil, e muitas, muitas dores de cabeça para motoqueiros e para a população que depende desse meio de transporte, como Luciana Araújo.
Como de costume, o prefeito de Sorocaba, se acovarda ao deixar de agir na origem do problema e abusa do poder público municipal apenas para seus interesses. Todo mundo sabe que em Sorocaba, assim como em outras cidades do Brasil, os motociclistas adquirem esses escapamentos barulhentos para adulterar seus veículos e infernizar a vida da população, no comércio de venda de peças de carros e motos.
A maior parte desses equipamentos fabricados e comercializados ilegalmente, sequer passam pelo crivo do INMETRO, e abastecem um mercado barulhento que incentiva os motoqueiros ao cometimento de vários crimes. Os comerciantes não foram alvo da operação da prefeitura.
Após mais de uma hora de espera, Luciana Araújo, já estava no limite da sua paciência, e sem dinheiro para utilizar um transporte rápido, teve de se deslocar até um terminal de ônibus e pegar a condução para chegar à sua casa, onde imaginava que as crianças estavam aguardando-a para a última refeição do dia. Os filhos de Luciana, dois gêmeos de 10 anos de idade, passam um bom período do dia sob os cuidados da irmã mais velha que tem apenas 13 anos.
Ao chegar em casa, excepcionalmente, após às nove horas da noite, Luciana encontrou os três filhos dormindo com fome, sendo devorados por pernilongos, e não tinha como fazer janta porque não conseguiu passar em um mercadinho onde costuma comprar alimentos "fiado", antes de chegar em casa. Ela não tinha cartão de crédito, nem dinheiro para comprar comida para os filhos, via aplicativo de celular.
Encontramos Luciana em determinado ponto do centro de Sorocaba, onde ela aguardava inutilmente a chegada do motoboy. Nos aproximamos dela ao notar seu comportamento agitado, para oferecer ajuda. Desconfiada, ela negou que estive passando por aflição e reusou qualquer ajuda. Mas disse que estava desesperada, louca pra chegar em casa, e o aplicativo de transporte já havia cancelado várias solicitações . O motoboy não chegava.
Mesmo nos identificando como jornalistas, não podemos ajudar àquela mãe aflita, porque ela não se sentiu confortável e segura. Mas lhe entregamos os contatos da redação do Quem Quer Fama - Jornalistas Associados, caso ela precisasse nos contatar em alguma eventualidade.
Não deu outra, era quase dez horas da noite, quando Luciana nos ligou. Aos prantos, relatou seu drama e, com extrema dificuldade até pra falar, entre soluços e choro, falou mansamente, quase sussurrando, como se ela mesma não pudesse ouvir àquele segredo que escapara do coração de uma mãe determinada a salvar os filhos: "juro, eu preciso de ajuda", e repetiu: "desculpa, eu preciso de ajuda".
Imediatamente, transferimos um valor via pix para sua conta e recarregamos a linha móvel do seu celular, para que ela pudesse usar internet e solicitar comida para a família naquele momento.
Na manhã do dia seguinte, quinta-feira (17), foi a nossa vez que cair aos prantos quando nem esperávamos mais algum contato da Luciana, e, do nada, fomos surpreendido com uma mensagem de vídeo que chegou no celular da redação. Eram os três filhos lindos da Luciana agradecendo: "tio Jorge, obrigado por tudo. Deus lhe abençoe!".
Ligamos para Luciana hoje, queríamos saber da família dela. Recuperada do sofrimento "causado pelo pessoal da prefeitura, não só a ela, mas a outras várias famílias e aos motociclistas pais de família", como ela diz, a mãe amorosa que nos cativou, desaba: "ainda bem que eu não votei nesses vagabundos".
A baderna no trânsito de Sorocaba, até o dia do primeiro turno das eleições 2024, parecia ser legitimada por "concessão pública informal", tanto que a barulheira diuturna ensurdecedora das motocicletas com escapamentos adulterados, impediam as autoridades locais de ouvir a indignação da população revoltada com a omissão da prefeitura de Sorocaba e da PM de SP.
Durante o período eleitoral, uma semana antes do primeiro turno das eleições, a prefeitura jogou a população contra a Polícia Militar, quando autorizou um evento de motoqueiros no Parque das Águas, onde todos esses motoqueiros surpreendidos com essa operação da quarta-feira (16), estavam autorizados a infernizar a vida dos moradores da vizinhança sem ser incomodado pela Polícia Militar, que recebeu dezenas de chamadas via 190. Mas ao chegar ao local, se deparam com a baderna do "grau" autorizada pela prefeitura e não puderam fazer nada, por medo de retaliação do governo do estado, o qual se submete à influência nociva do prefeito da cidade, Rodrigo Manga.
Com o fim das eleições, o prefeito muito esperto, vazou da cidade para curtir umas férias luxuosas, mas deixou planejada sua ação de agradecimento aos motoqueiros e à população por sua eleição no primeiro turno. Segue o baile e fica com os prejuízos, caro eleitor do Manga. "armou tudo e nos enganou", disse uma liderança dos motoboys da cidade.
Conversamos com vários motociclistas, alguns deles, viraram usuários de transporte coletivo porque tiveram suas motos apreendidas e se mostraram profundamente arrependidos de terem votado e ajudado a eleger Rodrigo Manga. "é um traíra, covarde, mentiroso, pilantra", disseram.
A população de Sorocaba espera que agora, após o fim das eleições, a fiscalização continue. Os motociclistas agora correm feito loucos, de pé, atrás dos vereadores que ajudaram a eleger, para tentar amenizar os prejuízos. E os comerciantes de escapamentos adulterados, apenas seguem o baile, de boa.
COMENTÁRIOS